Caro AM. Continuo a minha descoberta dos Venturi. Agora estou a olhar para as obras demoradamente. Comecei pela Vanna house. Gostei de ver a evolução do projecto ao longo de cinco anos até" as fachadas parecerem desenhos". Penso que foi aí que o Venturi descobriu a sua própria ordem: a do desenho , que vale por mil palavras. IMCLOWN
Cara Alma: http://www.youtube.com/watch?v=_CTYymbbEL4 IMAVERYGOODANCER
Bem, a escada não me parece o nec plus ultra das escadas, com um primeiro degrau triangular e tudo. A porta de entrada não abre completamente, enfim, entusiasmos de jovem arquitecto
cumpre-me, primeiro, agradecer a generosa partilha das suas leituras aqui nesta nossa pequena comuna não vai acreditar mas eu ainda esta manhã saí de casa com o Ten Canonical Buildings 1950-2000 do Peter Eisenman debaixo da "asa" quando soube destes seus comentários tive logo que repegar no capítulo dedicado à "casa da mãe" não sei bem se foi nessa obra que Venturi descobriu, nas suas curiosas palavras, a sua (dele) ordem, mas todo o processo de "gestação" da casa, por esta altura suficientemente publicado e estudado, é uma das mais completas e apaixonantes afirmações de "aparição" de uma "voz" própria que eu conheço * (qualquer coisa como ver o Venturi - e eu sei que os Venturi's não iriam concordar com esta... - qualquer coisa como ver o Venturi a sair de uma costela do Kahn...) adiante sobre a escada e o degrau estamos em desacordo a escada (e tudo à volta...) julgo sublime o degrau de "chamada" triangular não é entusiasmo de jovem arquitecto, é expressão maior do "fazer mal feito" a que no Livro (o C&C), e mais uma vez citando directamente a Kahn, também alude o primeiro degrau traz o "pano" da frontaria da lareira da "sala de estar" para o pavimento da área da "sala de jantar" (o primeiro degrau vai "morder" ao "outro lado"...) introduzindo (em "elevação") novos níveis de complexidade e ambiguidade... sobre isso da porta escrevi (em tempos...) aqui: http://odesproposito.blogspot.pt/2009/01/o-cnone-ocidental.html o disco, Frozen Orange, que estou a ouvir, começa com The Waltz eu, às vezes, quase tenho medo disto... :)
o Eisenman mete umas ao lado (entre outras bem metidas) algumas das plantas das "preliminares" acho que só conheço de lá a Architectural Monograhs N.º 21, Venturi Scott Brown & Associates on Houses and Housing também já deve conhecer são curiosidades :) ler o que o próprio V. escreve no C&C é suficiente
Ok. Muito obrigado.Estive a pensar; uma escada que começa mais larga na zona menos privada do hall e estreita para a zona mais privada do quarto em cima parece-me uma justificação com sentido; o degrau triangular talvez tenha a haver com a passagem da madeira da escada para a pedra à meia-esquadria do pavimento; para que a porta abrisse completamente teria que haver um vinco na parede curva do hall que com a face plana da porta quebraria o efeito dessa parede; por outro lado , a porta ligeirameente enviezada anuncia as contradições dos ângulos inesperados na casa como o degrau e o pavimento. Bem isto não quer dizer que goste, apenas já não me parece gratuito.Mas estas devem ser justificações demasiado elementares. Vou ler o C&C para ver se percebo. Um bom fim-de-semana IMCLOWN
a porta, em si mesma, é cuidadosamente "afastada" das fotografias... não sei se a porta não abre "toda" (e porque é que a porta tem ou teria que abrir "toda"...), apesar da parede curva (a "questão" da porta pode ser apenas uma "pista falsa" do desenho...) o pormenor da gola e as dobradiças e o cepo podem ser suficientes para uma abertura, "total", a 90, ou mais, graus a arquitectura do V. está para além da questão do gosto (ou do não gosto)... a arquitectura do V. é uma permanente seta apontada aos nossos pré-conceitos sobre o que está "bem"... ou "mal" o degrau triangular "evoca" a diagonal de acesso à coz. e "joga" com o pavimento (aponta quem entra para o alpendre...) para mim o melhor da casa é toda aquela "linha" quebrada e interrompida de "expedientes excepcionais", que vai da parede "oblíqua" que separa os quartos, até à diagonal da coz. (passando pela diagonal da IS, pela diagonal da escada junto à entrada principal, pelo degrau triangular e pela parede curva do "hall"... recorda-me o que alguém (?) escreveu sobre as casas do Loos: sobre o quase "dilema" entre a simplicidade e contenção do exterior "clássico" e os complexos (e contraditórios) "requerimentos" do interior "doméstico" (na herança da "casa inglesa", etc.)
eu, ainda que tivesse tido génio para "inventar" qualquer coisa tão fora-da-caixa como aquele degrau triangular em cunha, tinha montado (a) guarda do lado da entrada e assegurado o acesso (à escada que leva ao piso de cima) pelo "lado" da sala... mal não tinha ficado... podia até ficar "melhor"... mas é por estas (e muitas outras) que uns são o Venturi (e os outros não...)
Bom dia AM. Escrevi o que se segue hoje de madrugada e faço questão de o deixar aqui. Acho que o AM, a Alma e muitos mais o merecem. Estive a ver a AM 21. Comecei pela casa 9,a love house. Pouco há a dizer. Eu gostaria de passar as minhas férias ali. Gostaria de chegar da praia, entrar pela porta lateral para ir tomar banho passando pelas janelas triangulares que me lembram os barcos que vi, numa fachada dividida ao meio pela cor como o são o céu e o mar. Delight!!!!. Depois fui ver a Meiss House, para mim uma das melhores. Li o texto e olhei para os desenhos e para as fotografias da maquete. Aparte um ou outro termo próprio de um arquitecto, aqule texto podia perfeitamente ter sido escrito por um habitante da casa, descrevendo as emoções e experiências nela vividas. É mais uma dimensão da arquitectura dos Venturi. As complexidades e contradições fazem todo o sentido se ajudarem a enriquecer a vida numa casa. Acho que é o Tadao Ando quem diz que gosta que os filhos dos seus clientes vejam as casas que ele desenha como casas que os seus pais fizeram e não tanto casas que fez o arquitecto. Esta observação sempre foi para mim um bocado inibidora. Como pode um arquitecto decidir desenhar um grande janelão circular na fachada duma casa tão fora da experiência comum das pessoas. Pode sim, se essa decisão não decorrer apenas duma teoria mais ou menos abstracta de arquitectura e acrescentar as exigências do cliente uma experiência nova e enriquecedora. Quem gosta de boas histórias, não se importa que lhe contem uma que não conhece. Por fim estive a pensar na Episcopal Academic Chapel. Foi umas das obras dos Venturi que há meses atrás me fez deixar de procurar neles Quando percebi que se trata de uma capela para uma comunidade cristã jovem e irreverente até na missa e não tanto para uma comunidade adulta, séria e grave, quando os imaginei a cantar ao som do orgão, quando me imaginei a ouvir esse canto inglês e canónico no green, livre e americano nos campos da Pensilvânia, tudo começou a fazer mais sentido. Depois de ler o seu último comentário senti-me um pouco mais perdido do que nos últimos dias; agora já não me sinto tanto. Tenho vontade de aprender com tudo e com todos. Apetece-me rever tudo o que fiz e pensei até agora com excepção de umas idéias que tenho para um terreno adjacente ao Portugal dos pequenitos , em Coimbra.. Acho que também lhe devo a si e a Alma um pedido de desculpas por alguns momentos menos bons. Se um dia nos conhecermos, espero muito que sim, talvez possam compreender. Um abraço Skyzo p.s. Não deixe de ser Rossiano. Ontem tive que lembrar-me dos laboratórios do Laco Maggiore , por exemplo. Não ficam a dever nada a ninguém em nenhum aspecto.
Caro AM. Continuo a minha descoberta dos Venturi. Agora estou a olhar para as obras demoradamente. Comecei pela Vanna house. Gostei de ver a evolução do projecto ao longo de cinco anos até" as fachadas parecerem desenhos". Penso que foi aí que o Venturi descobriu a sua própria ordem: a do desenho , que vale por mil palavras.
ResponderEliminarIMCLOWN
Cara Alma:
http://www.youtube.com/watch?v=_CTYymbbEL4
IMAVERYGOODANCER
Bem, a escada não me parece o nec plus ultra das escadas, com um primeiro degrau triangular e tudo. A porta de entrada não abre completamente, enfim, entusiasmos de jovem arquitecto
ResponderEliminarIMCLOWN
Caro IMCLOWN
ResponderEliminarcumpre-me, primeiro, agradecer a generosa partilha das suas leituras aqui nesta nossa pequena comuna
não vai acreditar mas eu ainda esta manhã saí de casa com o Ten Canonical Buildings 1950-2000 do Peter Eisenman debaixo da "asa"
quando soube destes seus comentários tive logo que repegar no capítulo dedicado à "casa da mãe"
não sei bem se foi nessa obra que Venturi descobriu, nas suas curiosas palavras, a sua (dele) ordem, mas todo o processo de "gestação" da casa, por esta altura suficientemente publicado e estudado, é uma das mais completas e apaixonantes afirmações de "aparição" de uma "voz" própria que eu conheço * (qualquer coisa como ver o Venturi - e eu sei que os Venturi's não iriam concordar com esta... - qualquer coisa como ver o Venturi a sair de uma costela do Kahn...)
adiante
sobre a escada e o degrau estamos em desacordo
a escada (e tudo à volta...) julgo sublime
o degrau de "chamada" triangular não é entusiasmo de jovem arquitecto, é expressão maior do "fazer mal feito" a que no Livro (o C&C), e mais uma vez citando directamente a Kahn, também alude
o primeiro degrau traz o "pano" da frontaria da lareira da "sala de estar" para o pavimento da área da "sala de jantar" (o primeiro degrau vai "morder" ao "outro lado"...) introduzindo (em "elevação") novos níveis de complexidade e ambiguidade...
sobre isso da porta escrevi (em tempos...) aqui:
http://odesproposito.blogspot.pt/2009/01/o-cnone-ocidental.html
o disco, Frozen Orange, que estou a ouvir, começa com The Waltz
eu, às vezes, quase tenho medo disto... :)
* não que eu conheça muita coisa
não tinha sido difícil "puxar" a escada um degrau para "cima"...
ResponderEliminarveja foto 313
Caro AM. Vou olhar para tudo com mais atenção. Que bom estudo da casa indica? O do Eisenman?
ResponderEliminarIMCLOWN
o Eisenman mete umas ao lado (entre outras bem metidas)
ResponderEliminaralgumas das plantas das "preliminares" acho que só conheço de lá
a Architectural Monograhs N.º 21, Venturi Scott Brown & Associates on Houses and Housing também já deve conhecer
são curiosidades :) ler o que o próprio V. escreve no C&C é suficiente
Ok. Muito obrigado.Estive a pensar; uma escada que começa mais larga na zona menos privada do hall e estreita para a zona mais privada do quarto em cima parece-me uma justificação com sentido; o degrau triangular talvez tenha a haver com a passagem da madeira da escada para a pedra à meia-esquadria do pavimento; para que a porta abrisse completamente teria que haver um vinco na parede curva do hall que com a face plana da porta quebraria o efeito dessa parede; por outro lado , a porta ligeirameente enviezada anuncia as contradições dos ângulos inesperados na casa como o degrau e o pavimento. Bem isto não quer dizer que goste, apenas já não me parece gratuito.Mas estas devem ser justificações demasiado elementares. Vou ler o C&C para ver se percebo.
ResponderEliminarUm bom fim-de-semana
IMCLOWN
Bem já que estou na fase dos elogios, acho que a arquitectura do nosso tempo atingiu a maturidade com os Venturi
ResponderEliminarIMCLOWN
a porta, em si mesma, é cuidadosamente "afastada" das fotografias...
ResponderEliminarnão sei se a porta não abre "toda" (e porque é que a porta tem ou teria que abrir "toda"...), apesar da parede curva (a "questão" da porta pode ser apenas uma "pista falsa" do desenho...)
o pormenor da gola e as dobradiças e o cepo podem ser suficientes para uma abertura, "total", a 90, ou mais, graus
a arquitectura do V. está para além da questão do gosto (ou do não gosto)...
a arquitectura do V. é uma permanente seta apontada aos nossos pré-conceitos sobre o que está "bem"... ou "mal"
o degrau triangular "evoca" a diagonal de acesso à coz. e "joga" com o pavimento (aponta quem entra para o alpendre...)
para mim o melhor da casa é toda aquela "linha" quebrada e interrompida de "expedientes excepcionais", que vai da parede "oblíqua" que separa os quartos, até à diagonal da coz. (passando pela diagonal da IS, pela diagonal da escada junto à entrada principal, pelo degrau triangular e pela parede curva do "hall"...
recorda-me o que alguém (?) escreveu sobre as casas do Loos: sobre o quase "dilema" entre a simplicidade e contenção do exterior "clássico" e os complexos (e contraditórios) "requerimentos" do interior "doméstico" (na herança da "casa inglesa", etc.)
eu, ainda que tivesse tido génio para "inventar" qualquer coisa tão fora-da-caixa como aquele degrau triangular em cunha, tinha montado (a) guarda do lado da entrada e assegurado o acesso (à escada que leva ao piso de cima) pelo "lado" da sala...
ResponderEliminarmal não tinha ficado... podia até ficar "melhor"... mas é por estas (e muitas outras) que uns são o Venturi (e os outros não...)
Bom dia AM. Escrevi o que se segue hoje de madrugada e faço questão de o deixar aqui. Acho que o AM, a Alma e muitos mais o merecem.
ResponderEliminarEstive a ver a AM 21. Comecei pela casa 9,a love house. Pouco há a dizer. Eu gostaria de passar as minhas férias ali. Gostaria de chegar da praia, entrar pela porta lateral para ir tomar banho passando pelas janelas triangulares que me lembram os barcos que vi, numa fachada dividida ao meio pela cor como o são o céu e o mar. Delight!!!!.
Depois fui ver a Meiss House, para mim uma das melhores. Li o texto e olhei para os desenhos e para as fotografias da maquete. Aparte um ou outro termo próprio de um arquitecto, aqule texto podia perfeitamente ter sido escrito por um habitante da casa, descrevendo as emoções e experiências nela vividas. É mais uma dimensão da arquitectura dos Venturi. As complexidades e contradições fazem todo o sentido se ajudarem a enriquecer a vida numa casa.
Acho que é o Tadao Ando quem diz que gosta que os filhos dos seus clientes vejam as casas que ele desenha como casas que os seus pais fizeram e não tanto casas que fez o arquitecto. Esta observação sempre foi para mim um bocado inibidora. Como pode um arquitecto decidir desenhar um grande janelão circular na fachada duma casa tão fora da experiência comum das pessoas. Pode sim, se essa decisão não decorrer apenas duma teoria mais ou menos abstracta de arquitectura e acrescentar as exigências do cliente uma experiência nova e enriquecedora. Quem gosta de boas histórias, não se importa que lhe contem uma que não conhece.
Por fim estive a pensar na Episcopal Academic Chapel. Foi umas das obras dos Venturi que há meses atrás me fez deixar de procurar neles
Quando percebi que se trata de uma capela para uma comunidade cristã jovem e irreverente até na missa e não tanto para uma comunidade adulta, séria e grave, quando os imaginei a cantar ao som do orgão, quando me imaginei a ouvir esse canto inglês e canónico no green, livre e americano nos campos da Pensilvânia, tudo começou a fazer mais sentido.
Depois de ler o seu último comentário senti-me um pouco mais perdido do que nos últimos dias; agora já não me sinto tanto. Tenho vontade de aprender com tudo e com todos. Apetece-me rever tudo o que fiz e pensei até agora com excepção de umas idéias que tenho para um terreno adjacente ao Portugal dos pequenitos , em Coimbra..
Acho que também lhe devo a si e a Alma um pedido de desculpas por alguns momentos menos bons. Se um dia nos conhecermos, espero muito que sim, talvez possam compreender.
Um abraço
Skyzo
p.s. Não deixe de ser Rossiano. Ontem tive que lembrar-me dos laboratórios do Laco Maggiore , por exemplo. Não ficam a dever nada a ninguém em nenhum aspecto.
a 9 é amorosa :)
ResponderEliminaressa do Rossi não tenho recordaçao de já conhecer (e pelo pouco que vi não posso, etc.)
isto é apenas a blogo :)
ResponderEliminartalvez conheça esta
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Quartier_Sch%C3%BCtzenstrasse_Berlin.jpg
sim, ao vivo não é tão mau quanto possa parecer (é até bastante razoável)
ResponderEliminarler aqui: http://fantasticjournal.blogspot.pt/2011/11/big-b.html
excelente troca epistolar :)
ResponderEliminarfoi com muito prazer que li (antes de fechar o estaminé :)
skyzo,
o Am quando ler a autobiografia cientifica do Rossi converte-se :)
eu igrejas é mais a do Mies dos últimos dias :)
ResponderEliminarabriu sucursal na escola do porto LOL :)))